Vitimadas pelo câncer, quase 1 milhão de pessoas morreram no Brasil entre 2010 e 2014. Os números continuam a crescer por todo o mundo.
Em entrevista à Rádio USP, a médica oncologista Maria Del Pilar Estevez, coordenadora de Oncologia Clínica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), diz não se surpreender com esses números, que “já eram esperados” devido a alguns fatores, como o envelhecimento da população, o aumento da expectativa de vida e uma maior exposição aos carcinogênicos. Esses fatores, segundo ela, estão causando um aumento no número de casos de câncer – “não só no Brasil como em todo o mundo” – e uma maior mortalidade provocada pela doença. “Já era esperado que, até o ano 2020, a moléstia se tornasse a principal causa de morte no mundo, um fenômeno que vem sendo acompanhado pela Organização Mundial da Saúde”.
A Dra. Maria Del Pilar diz que, no caso de suspeita de câncer, a rapidez no diagnóstico é primordial, a fim de que o encaminhamento do paciente para tratamento não seja prejudicado pelo fator tempo. Infelizmente, as coisas nem sempre funcionam da forma que deveriam, e é alto por aqui o porcentual de pacientes nos estágios mais avançados da doença, quando a chance de cura se torna mais difícil. Isso já não ocorre em nações mais desenvolvidas.
Ela preconiza a necessidade de programas de prevenção sólidos, com boa adesão da população a campanhas de vacinação como a do HPV e da hepatite, e rastreamento (mamografia, papanicolaou) para diagnóstico precoce de lesões pré-malignas. Da mesma forma, “é importante melhorar hábitos, procurar manter peso adequado, comer verduras, parar de fumar e reduzir o consumo de bebidas alcoólicas, além de poder contar com programas eficientes de tratamento”, diz a Dra. Maria Del Pilar. “Nós só vamos conseguir reduzir a mortalidade por câncer se agirmos em todas as frentes, compartilhando as responsabilidades entre a população e os agentes de saúde.”