A morte prematura – e potencialmente evitável – do câncer está custando dezenas de bilhões de dólares em perda de produtividade, por todo o mundo. Os países mais impactados com a privação dessa mão de obra estão na lista das economias em desenvolvimento mais importantes, incluindo o Brasil.
Afetadas pelos óbitos, essas nações fazem parte do que é conhecido como Brics, o bloco dos países emergentes composto também por China, Rússia, Índia e África do Sul.
Do total de mortes por câncer no mundo, cerca de dois terços acometem países de baixa e média renda. Desse montante, 42% dos casos envolvem os países do Brics.No Brasil, a estimativa é de um prejuízo de US$ 4,6 bilhões anuais, representando 0,21% de todo o produto interno bruto do país.
Entendendo os custos
Essa avaliação leva em conta, especificamente, a população economicamente ativa. Para efeito do cálculo, é considerada também a estimativa sobre os recursos que essas pessoas movimentariam com suas rendas mensais até a aposentadoria.
A consequência de tudo isso é um gargalo na capacidade de produção, causado pelo número de mortes e o imediato recuo na arrecadação econômica do Brasil.
No entanto, é importante mencionar que a relação entre o câncer e a economia nos vários países pode ser diferente, e por diversas razões. Os motivos incluem variáveis demográficas, exposição a fatores de risco e a situação econômica do país.
Isso significa que o padrão de perda de produtividade do Brasil é único, diferente de todos os outros países citados anteriormente. Sendo assim, adotar medidas e modelos de prevenção que funcionaram em outros lugares do mundo pode não surtir o efeito desejado.
Aos governantes e demais gestores, cabe analisar com muito cuidado os estudos e dados levantados. Com base nas informações, eles terão noção do cenário atual, bem como condições de estabelecer prioridades e implementar programas eficientes para prevenção e controle do câncer.
Números que fazem a diferença
Algumas disparidades podem ser percebidas quando os dados são vistos com mais cuidado.
Na China, por exemplo, 33% de todas as mortes por câncer do sexo masculino e 5% do feminino são relacionadas ao tabagismo. Aplicado aos resultados de produtividade, essa estatística revela que a China perde, todos os anos, cerca de US$ 7,9 bilhões.
No Brasil, as campanhas e conscientização da população quanto ao perigo e riscos do fumo apresentam-se mais maduras em comparação com as outras nações. As políticas de redução do uso do tabaco evoluíram ao longo dos anos, tornando-se mais assertivas e eficientes.
Por isso, o impacto na economia é menor por aqui, com um volume de perda na casa dos US$ 402 milhões.
Prevenção é a melhor opção
A força de trabalho é um recurso-chave para para garantir o crescimento econômico sustentado de qualquer instituição, particularmente no Brasil.
Sendo assim, a compreensão das características locais para prevenção e controle dos tumores pode desempenhar um papel importante, influenciando positivamente a economia do país.
Afastamentos do trabalho por motivos de câncer, assim como o período de tratamento podem ser evitados, mas se identificados a tempo. No Brasil, por exemplo, cada vida perdida por câncer gera um prejuízo econômico de US$ 53,3 mil – sem contar os gastos com procedimentos médicos.
Na esfera empresarial esses números representam muito, e impactam diretamente na produção e competitividade da organização, seja qual for o seu nicho de mercado. Desta forma, o investimento em programas de prevenção revela-se um caminho eficiente e acertado para os gestores.
Cuidar de seus colaboradores por meio de programas de saúde é a alternativa de melhor custo x benefício para a instituição, pensando no nível de produtividade dos seus serviços a médio e longo prazos.
Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/geral-43047430